quarta-feira, 31 de agosto de 2011

The Warring States

Realizador: Chen Jin
País: China 
Ano: 2011
Elenco: Sunhong Lei, Francis Ng, Tian Jing, Hee-seon Kim, Zige Fang, Enhe Feng, Degang Guo, Huang Haibing, Hao Hao, Yunwei He, Wu Jiang, Waise Lee, Kesheng Lei, Jingsheng Liao, Yajin Liu, Jinwu Ma, Hai Mao

O simples título extremamente genérico de “O período dos Estados combatentes” surpreende pela sua ambição. Duas horas para narrar esse período longínquo e incrivelmente denso da História da China? Resumir num filme toda a diversidade dos mitos populares e teorias históricas que se foram acumulando sobre esse período? Com cerca de mais de 200 anos de histórias e batalhas entre os seus numerosos reinados, a tarefa parecia demasiada herculeana para ser honesta.

Isto é claro antes de vermos o filme pois muito depressa nos apercebemos que este “The Warring State” não é nada mais do que uma interpretação da alegada biografia do estratega Sun Bin, aprendiz de GuiGu Zi e descendente directo do famoso Sun Zi, o escritor da “Arte da Guerra” (aquela bíblia para os sócios dos esquemas em pirâmide). Pegar numa personalidade de reduzida importância e coloca-lo como estandarte do seu período inteiro é no mínimo atrevido no máximo estupidamente ganancioso. De forma a legitimar o seu título, o filme procura fazer do Sun Bin um figura lendária e messiânica numa romantização historicamente escandalosa.

A história conta as peripécias do Sun Bin, um brilhante estratega militar surpreendentemente ingénuo e brincalhão. Reconhecido como o herdeiro da sabedoria do seu famoso mestre Gui Gu Zi, é disputado pelas duas potencias que são o Reino de Qi e o Reino de Wei. Apaixonado pela bela general Xi do Reino de Qi e fiel ao seu “irmão” militar do Reino de Wei, Sun Bin vai ver o seu pacifismo ser posto à prova pela loucura dos senhores de guerra que procuram opter o seu saber.

 O elenco conta maioritariamente com actores pouco conhecidos para além do experiente Sun Hong Lei que interpreta aqui o papel de Sun Bin e Francis Ng no papel d Pang Juan. Habituado aos papéis do bom ingénuo Sun Bin surge aqui como uma espécie de buda gansado (sem gansa) e caricato. Apesar de a personagem não beneficiar da melhor escrita sente-se uma certa preguiça por parte do Sun Hong Lei que já brilhou muitas vezes dentro deste registo. Pang Juan, irmão de formação e vilão pelas circunstâncias é sem dúvida a personagem mais interessante. Embora o cinema de Hong Kong tenha dado melhores oportunidades de expressar o seu talento, Francis Ng consegue impregnar uma certa subtileza e singularidade à sua personagem. Os outros actores fazem o seu papel convenientemente sendo que a tradicional princesa insossa, a general Xi, é interpretada com o cuidado suficientemente para a tornar suportável. Na verdade os actores são talvez o melhor que o filme tem para oferecer.

Habituado aos dramas amorosos, o realizador Chen Jin muda ao seu gosto a história original, transformando o general original numa mulher para fazer dela o ponto central de um romance trágico. Alterna a sequência dos acontecimentos assim como desfecho das personagens o que acabará certamente por exasperar os amantes da História da China.

O filme oscila entre o piroso o mais insuportável e raros momentos de apreciável sobriedade. A história original, por ser cativante, consegue transmitir um pouco da sua qualidade ao filme o que acaba por salvar o resultado final do desastre. É na execução que o “The Warring States” desinteressa e aborrece pela presença lamentável de numerosas palermices que se encontram ao longo do filme. O princípio do filme faz aqui figura de exemplo com os seus 30 minutos indigestos em todos os níveis. Alternam-se as cenas ao retalho e sem qualquer anexo. Os planos de câmara são incompreensíveis e a falta de meios tornam risíveis as batalhas de CGI e o seu nível gráfico da primeira playstation. Chen Jin não parece estar sequer interessado nas componentes marciais de um filme, que na essência, relata o duelo de dois génios da guerra. Não que isto seja algo imprescindível, mas a falta de paixão nas cenas de guerra, inevitáveis ao olhar de qualquer produtor, tornam o filme particularmente pesado. O mesmo se aplica ao humor cretino e meloso presente ao longo do filme. Mas tudo isso, nota-se, não preocupa minimamente o realizador, pois é no Drama que o filme tenta, em vão, justificar a sua existência como obra de Arte. Essa arrogância é manchada pelo fracasso da omnipresença de clichés e de efeitos que embaraçariam o maior ultra-romancista da TVI e que não conseguem desviar a atenção do espectador para aquilo que não é nada mais do que uma produção demasiado amadora para satisfazer.

A vida de Sun Bin merecia certamente melhor tratamento do que essa tentativa de fazer da personagem uma espécie de reincarnação do “Confúcio in Love”. É portanto preferível optar pela descrição do Wikipedia do que por este “The Warring States”. Pouparão tempo e ficarão melhor informados.

Nota: 2/6 

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