sexta-feira, 22 de julho de 2011

The Showdown


Realizador: Park Hoon-Jung
País: Coreia do Sul
Ano: 2011
Elenco: Park Hee-Soon, Jin Goo, Ko Chang-Seok,Kim Kap-Soo, Jang Hee-Jin, Jeon Kuk-Hwan,Choi Il-Hwa

A “vendeta enclausurada” é um dos pilares fundamentais da economia sul-coreana à semelhança da indústria da cortiça em Portugal. Desde as pancadarias de deputados na assembleia passando pela reguada marcial do professor, o cinema coreano não poderia deixar de transcrever em todos os contextos históricos, passados e futuros, este amor genuíno pela arte da porrada libertadora.

Por enclausurado entendemos aqui o galicismo cinematográfico “huis clos”: a arte de filmar indivíduos encerados num mesmo espaço (definição resumida). Um termo cujo preciosismo colide certamente com a sonoridade big Mac do título, The Showdown, e o seu cartaz de arte marcial xunga. Nada de asiáticos voadores nesta produção sul-coreana, apenas homens devorados pelo remorso e a sua ausência de liberdade.

Em 1619 (Dinastia Ming) um punhal de soldados coreanos resiste ao ataque do poderoso exército Manchu algures no norte Siberiano chinês. Sem hipóteses de vitória, o batalhão é chacinado sobrevivendo apenas três soldados: Dois amigos da aristocracia e um plebeu desertor. Presos na tempestade de neve, todos encontram refúgio numa albergaria abandonada. Entre o passado de traições dos dois amigos e o plebeu destinado à morte pelo crime de deserção, os três sobreviventes tornam-se aliados de circunstância e inimigos pela sua condição.

The Showdown pela sua sinopse aparentava ser umas daquelas apetecíveis iguarias coreanas. Se o filme consegue de facto transmitir uma grande tensão no inferno escuro do universo polar, o resultado sofre pelas repetidas interrupções coloridas do passado excessivamente bucólico das personagens. Num bom “huit-clos” os segredos não se apresentam em longas cenas lamechas, declamam-se! Estas interrupções constantes entediam e desconectam constantemente do efeito claustrofóbico tão precioso ao espectador. Para além do mais, com 1h51, os “flashbacks” surgem como um recheio grosseiro para atingir a meta simbólica da duração dos filmes profundos.

Traições por ambição, amor ou sobrevivência fazem parte da ementa sem grande surpresa mas com grande eficiência. Nesse aspecto, e mesmo com uns diálogos nem sempre conseguidos, os realizadores coreanos são mestres. O filme demonstra alguma originalidade ao abordar, com uma certa desilusão, a crueldade do jogo político e as suas consequências trágicas nas vidas dos seus súbditos.

Os três actores principais desempenham o seu papel sem brilho mas com solidez, um pouco à medida do resultado final. Em termos de produção apenas o mandarim patético dos soldados Qing e a banda sonora low cost destoam.

Em conclusão, The Showdown, ao soprar o quente e o frio, resulta num filme morno que poderia ter conseguido muito mais. Colocar no contexto medieval uma temática tão própria ao cinema coreano era sem dúvida uma boa ideia que merecia mais sinceridade e maturidade. O espectador deverá armar-se em paciência para digerir estas duas horas recheadas de sucessos e fracassos para um resultado final que satisfaz mas que não impressiona. O filme recomenda-se para todos aqueles que se deixaram seduzir pela sinopse. Este não será o melhor filme das vossas vidas mas será certamente um bom paliativo enquanto aguardam pela próxima bomba made in Hang guk.  

Nota: 3.5/6

 

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